segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Esta terra

Em mim há pequenas pedras feitas de areia...
Pequenas,pedras que se juntam e formam um só.
Húmidas de choro e saudades,
plenas de vontades,
em que busco certezas.
Estes pequenos grãos de areia,
que se desfazem em emoções,
são o meu ser.
Ser que que se desfaz como desenhos no areal do mar,
e se constrói novamente por minhas e vossas mãos.
Sei que esta inconstância estará sempre presente,
não há certezas,nunca as terei...
Pois estas dúvidas que tenho,
serão sempre e sempre...moldadas.
Tal um castelo na areia,
feito com carinho por mãos de fada.
Nada disto importa.
Afinal serei sempre terra e agua
e serei tudo e nada!
O tudo que sou e o nada que serei.
Renascerei mil vezes,
em mim,em ti,em tudo,
e talvez este mundo seja isso mesmo.
Terra e agua,nada mais.

Nádia 17-11-11 Évora



Fernando Pessoa

Heterónimo Álvaro de Campos

(Obra Poética de Fernando Pessoa)

Poesias de Álvaro de Campos


"Feliz o homem marçano,
Que tem a sua tarefa quotidiana normal,tão leve ainda que
pesada,
Que tem a sua vida usual,
Para quem o prazer é prazer e o recreio é recreio.
Que dorme sono,
Que come comida,
Que bebe bebida,e por isso tem alegria.

A calma que tinhas,deste-ma, e foi inquietação.
Libertaste-me,mas o destino humano é ser escravo.
Acordaste-me,mas o sentido do ser humano é dormir.

Na noite terrível ,substância natural de todas as noites,
Na noite de insónia,substância natural de todas as minhas
noites,
Relembro,velando em modorra incómoda,
Relembro o que fiz e o que poderia ter fito na vida,
Relembro, e uma angústia
Espalha-se por mim como um frio do corpo ou um medo.
O irreparável do meu passado- esse é que é o cadáver!

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